1 de março de 2006

Religiões do mundo

PANTEÍSMO

No passado, pode ter-se desenvolvido a crença do grande animal, o grande ser omnipresente dotado de vida, grande como a própria terra, ou como o próprio universo. Embora distinto nas suas partes, seria uma totalidade encerrada sobre si própria e fora da qual nada haveria. Melhor dizendo, haveria o nada. Os seus atributos mais óbvios seriam extraídos por analogia da vida animal: inspiração - respiração, sono - vigília, movimento - repouso, atributos que permitiriam à humanidade uma compreensão serena dos fenómenos naturais. A ideia de uma totalidade organizada e auto-regulada ainda subsiste nos actuais modelos e concepções sistémicas da Natureza.



Se transferirmos os atributos da divindade para o grande ser vivente, teremos então uma representação exacta daquilo em que consiste o panteísmo naturalista: todos os seres, viventes e não viventes, estão fundidos num todo que é a divindade. O nascimento e a morte, são transições no interior de uma totalidade que se renova perpetuamente. “Fui rocha em tempo, e fui, no mundo antigo, tronco ou ramo na incógnita floresta... “. Os seres, incluindo o homem, são partes inseparáveis da natureza.

Deus é imanente à natureza, não se lhe aplicando o conceito de transcendência, da mesma forma em que é recusada qualquer significação ao termo “sobrenatural”.

A consciência do indivíduo humano como entidade distinta da natureza, oposição de sujeito a objecto no processo de apreensão cognitiva, ou de apropriação da natureza na forma de artefactos, pode fomentar um sentimento de separação, de isolamento e, no extremo, de solidão. A consciência da separação e a saudade do todo gera o fenómeno religioso que, de um ponto de vista etimológico, tem a ver com re-ligar, voltar a unir o que antes se separara. A religião naturalista consagra a atracção da parte pela parte, a afinidade universal e a sua ética baseia-se na compaixão, na empatia e no respeito por todos os seres.

O reencontro com Gaia, a grande mãe, é o único momento propiciador de paz interior e de verdadeiro sossego. Esbate-se a consciência das coisas, diluem-se as preocupações de circunstância, o sangue martela-nos as paredes dos vasos, os músculos retesam-se e alongam-se, as narinas inalam os odores da terra e das plantas aromáticas, todo o corpo faz-se um com a natureza.

Datas a celebrar: 22 de Abril, dia de Gaia (calha num sábado este ano); 5 de Junho, dia mundial do ambiente.

Calendário solar para 2006:


  • Equinócio da Primavera às 18:26 de 20 de Março
  • Solstício do Verão às 12:26 de 21 de Junho
  • Equinócio do Outono às 04:03 de 23 de Setembro
  • Solstício do Inverno às 00:22 de 22 de Dezembro

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