13 de dezembro de 2014

Como sempre

Acordo cedo, sem sono. Então, como sempre, rapo do iPad e ponho-me a deslizar o estilete, ora para a esquerda, ora para a direita, à procura de um interesse. 

Quando passeamos no campo, são os interesses que vêm ter connosco. Passeamos geralmente absortos nos nossos pensamentos que se encavalitam uns nos outros em ritmo lento, despreocupados, sem requisitos de ordem ou de rigor. A paisagem acompanha o nosso olhar e a nossa escuta pré-atentivamente. De vez em quando, o olfacto também. Porém, quando passeamos no campo, os interesses rompem o quadro, embora raro, e manifestam-se impositivamente.

Não é o caso do iPad. Os interesses pululam por lá, a competir por uma oportunidade. Estão alinhados em quadrícula como um pelotão em ordem unida. Dignos exemplares de brio e compostura. Um dia foram lá postos para quando houvesse tempo. E como tempo há pouco, e na maior parte dos casos é coisa que não há, os que resistem são os que vão escapando à delecção.

Quando se aponta para o interesse na maquineta, ele abre-se imediatamente, como uma flor a desabrochar ou uma vagina em volúpia aceitante. E penetramos o interesse e ocupamo-nos dele. No entretanto, como um ladrão à socapa da noite, o sono instala-se de novo sorrateiramente. Como sempre.

1 Comentários:

At 17/12/14, 15:33, Blogger Teresa Durães comentou...

Porque se passeia no campo com um IPad? Os gatos, de certeza, não gostam! As flores, nem digo o que elas devem pensar!

 

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