2 de agosto de 2014

O verão frio do nosso descontentamento

As coisas são, mas não existem; o homem existe, mas não é: projecta-se. As coisas são e não o sabem, e o ser das coisas só se revela na abertura, na exposição que é o existir humano. O existir humano cuida das coisas no seu ser, é o seu jardineiro. A essência do existir é o tempo. O tempo traz as coisas à presença do humano e fá-las perdurar na memória. A fala, bem como a escrita, introduz a narrativa nas existências e confere-lhes identidade. O idêntico pode afirmar vezes sem conta " eu sou aquele que sou" e cobrir a sua face com múltiplas máscaras, e descrever múltiplas facécias e experimentar todo o tipo de cenários e vestimentas. A História é uma rede de autobiografias, a Actualidade o seu palco. E a contínua representação retorna eternamente as coisas à sua essência.


 

Os quatro petizes cabriolam infantemente quando lhes disponho as papinhas. Agora já me espreitam a um, dois metros de distância, mascarados por detrás de um qualquer semi-obstáculo visual. Rabo escondido com gato de fora, ironizo. Chocalho ruidosamente as apetecidas pepitas no saco de papel plastificado. Antes, fugiam a sete pés os sete-vidas. Agora, já se vão pavlovianamente salivando e aproximando. São seis horas, ainda está frio e não parece que se vá cumprir a previsão de chuva dos metereologistas. Pode ser que me engane! Mas a possibilidade de um engano dá o colorido das nossas vidas e o poder de continuar a dar palpites.

Etiquetas:

3 Comentários:

At 02/08/14, 09:09, Blogger magix comentou...

O verão fresco do nosso sossego com gato, gata, gatinhos e um khaos que se aproxima...por uma semana não haverá gatos nem gatinhos durante o dia, apenas um rantaplan saltando e brincando, feliz como as crianças que correm para a rua para brincar. Mas ao anoitecer podemos sempre recolher a fera e deixar estes fofos ponpons tomarem o seu lugar...Tempo farrusco como os gatos. Like.

 
At 03/08/14, 15:30, Blogger Justine comentou...

Le temps, le temps!!
Considerações filosóficas misturadas com constatações quotidianas de quadros quase-bucólicos: ora aqui está o que eu considero um post equilibrado!
Prazer em ver-te:-))))))

 
At 16/09/14, 14:35, Blogger Teresa Durães comentou...

A escrita tem o poder absoluto de tudo reinventar, ou negar ou simplesmente ignorar. Uma expressão do Eu, segredos escondidos, facetas a desmascarar.

Dever ser por isso que adoro escrever!

Teresa (rodeada de cadelas)

 

Enviar um comentário

<< Página inicial