15 de agosto de 2010

Leibniz na urgência do Amadora-Sintra

Não vou entrar numa de maledicência. Tudo o que já foi dito de mau sobre este hospital periférico e desleixado já foi dito. E o dito hospital também já foi mais reescrito e comentado que o mistério da estrada de Sintra. A história é outra e refere-se a Leibniz.

Para lá vou andando, todos os dias, a visitar a minha mãe no S.O. A pobre mãe lá está à espera de vaga na enfermaria da especialidade, e eu lá espero, duas vezes ao dia, ao longo de uma hora e meia do período de inscrição para ter direito a 10 minutos de visita. Não se assustem porque isto, felizmente, é só teórico. Na prática, basta chegar trinta e cinco minutos antes da hora da visita: cinco minutos bastam para inscrever as cerca de trinta pessoas visitantes. E ainda há a outra meia hora depois da inscrição para um ou outro retardatário, já que a chamada começa a ser feita, em regra, um quarto de hora depois da hora prevista. Os dez minutos são elásticos e nas melhores das alturas chegam a durar uma hora. Complicado? Não. Só não se percebe é porque é que as coisas não se organizam e se descrevem como efectivamente se fazem: pareceriam menos horrorosas do que na realidade são. (Curiosidade: Uma das vezes confirmei que o procedimento segue a metodologia LIFO pois, sendo o último a inscrever-me, fui o primeiro a ser chamado).

Tenho, portanto, meia-hora a ocupar antes do meio dia e outra antes das sete. Livros são coisas pesadas e incómodas, jornais sujam as mãos e não servem para ler, só para fazer de leque, e aí sai-me do bolso a minha Palm com dezenas de PDFs lá dentro.

O processo de leitura não é desagradável: faz-se com o correr dos olhos e dos dedos sem precisar de ensalivar estes últimos para mudar a página. Difícil é escolher o conteúdo adequado a cada momento. Saiu-me a Monadologia do Leibniz numa edição e-book em Francês.

Confesso que conhecia a doutrina sem a ter lido, ou folheado, antes. Considero Leibniz brilhante em Matemática e Física. A Monadologia foi uma desilusão irremediável. É um caso de venda da alma ao Diabo. Pior, a deus!

2 Comentários:

At 15/08/10, 23:19, Blogger magix comentou...

Não sabia que Leibniz tinha andado pelo Hospital Amadora-Sintra! Coitadito....

 
At 24/12/14, 05:56, Anonymous Ana comentou...

Só os ricos, ociosos e bem alimentados se podem dar ao luxo de cuspir na ideia de Deus e desprezar tudo o que também houve de bom para a humanidade, produzido pelos crentes e em nome de Deus.
De onde vem a tua moral, a tua ética, o teu respeito pelos outros, os teus princípios, a tua RAZÃO? És um "bom selvagem"? Não acredito.
Podes desprezar todos os deuses mas é verdade que há um Deus que te ama e que um dia irás encontrá-lo. Será uma imensa felicidade no céu e na terra.
Eu também te amo, porque és um homem bom, criado por Deus.

 

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