10 de setembro de 2008

Regresso de férias

Confessei ao Rodrigo que nada tinha feito por este blogue. Não sei se me ouviu, tão interessado que estava em falar do seu burrico. "E como está a minha menta lá no sítio? É bem melhor que esta não achas?". A conversa era estranha, era uma desconversa em que o Rodrigo teimava em elogiar o seu novo asinino amigo e em que eu falava-lhe das novidades cá da terra, enquanto conduzia concentrada nas espirais de areia que dançavam sobre o asfalto da estrada de Túnis para Sidi Bou Said e nos floridos aloendros que a bordejam.

A conversa da menta é um expediente típico do Rodrigo para fugir dos assuntos. Estávamos sentados numa esteira no Café des Nattes a beber chá verde com menta. Ele tinha-me perguntado notícias daqui e eu estava a fazer-lhe uma resenha. E ele cortava sempre: "Que nome achas que devo pôr ao meu burrito?". Tentava pensar aceleradamente, mas que digo a este homem, não sei que lhe faça, às vezes só me apetece estrangulá-lo, depois olhava para ele e pensava como era tão querido, tão sedutor. E vinha a vontade de fazer-lhe festinhas mesmo ali. Mas tinha comigo a culpa de não ter tocado ainda neste blogue.

Mais tarde abriu-se sobre alguns tópicos que desejava que eu publicasse aqui, que estenografei excitadíssima. Tem ideias absolutamente novas sobre o corpo que, segundo me pareceu, anda a martirizar lá no deserto da Líbia, como os monges proto-cristãos, para atingir a experiência da separação do corpo e da alma. É que, diz, gostava de observar a sua própria alma dentro de um corpo sem os hóspedes não convidados.

Revelou-me a existência de um conjunto de escritos com conversas com os gatos guardadas em caixas nos sótãos do Tremontelo. Que não as tinha publicado por estar desconsolado com a partida do Tigre, mas que agora já estava com mais paz de espírito para as dar a lume. Pelos vistos, discutiu o assunto com o burrico lá nas dunas do Ubari, que é falando com um bicho que o Rodrigo dá a volta às suas ideias casmurras.

Tentei convencê-lo a postar textos pelo telemóvel ou a mandar-me indicações por mensagens escritas ao que ele anuiu daquele jeito indeciso à "perdido".

Fiquemos agora por aqui, que o trabalho amanhã é a madrugar.

Teresa



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PS: Se alguém souber do paradeiro do tio Gervásio que mo comunique. Fixou-se a residir lá para cima, para o Norte. Falo com ele por telemóvel mas não me dá a morada. Acho que ALGUÉM o raptou e o mantém sequestrado.

2 Comentários:

At 11/09/08, 22:25, Blogger mafalda comentou...

Olá Patanisca,
Ninguém raptou o teu tio nem o mantém sequestrado. Fica sabendo que, pelo contrário, se encontra muito bem, de boa saúde e em excelente companhia (ele assim o diz!).

Aqui há uns dias comentou comigo que começava a sentir saudades de algumas pessoas: do seu querido amigo Rodrigo, da sua adorada sobrinha Teresa... (bom, pelo menos, e acima de tudo, desses dois). Pelo que me deu a entender, pensa visitar-te, e quiçá ao sítio do Tremontelo (apesar de o Rodrigo se encontrar ausente...). Poderá acontecer, inclusivamente, que tenhas uma surpresa - agradável, espero. A verdade é que pode muito bem acontecer que eu vá com ele. Afinal, agora andamos juntinhos que nem siameses e a separação, ainda que por pouco tempo, está completamente fora dos nossos planos.
Fica, pois, descansada, Patanisca, que eu trato muito bem do meu gigante (como não o fazer? O homem é um anjo que me caíu aqui no jardim... completamente encharcado e aflito e aqui acabou por ficar, depois de uma noite de tempestade lá fora - lareira, aconchego e muito vinho do Porto cá dentro...) Mais não preciso dizer, pois não?
Um abração do teu tio e um beijinho meu. Até breve.

 
At 22/09/08, 16:38, Blogger Teresa Durães comentou...

vou atrasada neste post mas parece que tudo continua na mesma :)

 

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