6 de junho de 2008

Perdido

Ulisses perde-se no regresso a casa. Mas em que pensava eu antes de me perder a ver? Não sei.Vontade? Esforço? Vida?[1].

Romeiro, Romeiro... quem és tu?! [2]. À pergunta de Polifemo, Ulisses diz que é “Ninguém!”.

Vasco da Gama peregrina entre obstáculos que o separam da Pátria, sabe onde quer chegar, mas procura outro caminho. Não diz a Telmo Pais que é “Ninguém!

Ulisses e Gama erraram mundo fora e desejaram por recompensa o regresso ao familiar. Saudade de cá? Ou saudade de lá? “Não há sossego - e,ai de mim!, nem sequer há desejo de o ter…[1]

Leopold Bloom que bem poderia estar a trabalhar para o patrão Vasques no escritório da Rua dos Douradores... “tomem os homens motivo de não desanimarem com os trabalhos da vida para deixarem de fazer o que devem[3]

[1] Livro do Desassossego de Bernardo Soares, de Fernando Pessoa.

[2] Frei Luís de Sousa, de Almeida de Garrett.

[3] Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto.

13 Comentários:

At 07/06/08, 08:19, Blogger magix comentou...

Um perdido entre as saudades do aqui e do ali, errante e sem sossego, indeciso sobre quem é e sem saber que trabalhos da vida o fazem mover...Gostei muito desta leitura cruzada de outros perdidos; e fiquei muito curiosa sobre a margem do rio à beira das frondosas árvores, se é cá se é lá, se quem tirou a fotografia estava perdido na outra margem do rio, ou num barco, ou numa ilha, ou no tempo.... quem sabe?

 
At 07/06/08, 14:42, Blogger dona tela comentou...

Tenho lá um desafio muito giro.

P.S. Então é assim: Como ainda não sinto categoria para comentar, vou deixando o mesmo recado em todos os senhores(as). Certo??


Até logo.

 
At 07/06/08, 15:29, Blogger Licínia Quitério comentou...

Caminhos de perdição e de achamento, os de nós, que não cabemos nas nossas fronteiras materiais.

Abraço.

 
At 08/06/08, 12:29, Blogger segurademim comentou...

... viajaria para norte

onde o mar é alteroso, o frio intenso e o sol uma raridade

perdia-me sim por aí, algures entre inverness e o que desse

 
At 09/06/08, 20:19, Blogger Graça Brites comentou...

É o tempo, Perdido. É o tempo que não dá sossego e nos obriga à viagem. Um dia chega para tudo. Para viver morrer, voltar a nascer e assim sucessivamente. Nos intervalos costumo ir à retrosaria comprar fita de nastro, carrinhos de linhas de várias cores e alfinetes para espetar na ponta dos dedos. É assim que vejo se estou viva, morta, em processo de regeneração ou errando temporariamente no mar do detalhe. Não é mau.

 
At 09/06/08, 22:15, Blogger poetaeusou . . . comentou...

*
entrementes,
alberto caeiro
grita
para alvaro de campos,
quando actua o;
nealcaloide do conium maculatumste,
,
cai o pano,
e o horizonte . . . !!!
,
abç,
*

 
At 09/06/08, 22:57, Blogger dona tela comentou...

Andei na passeata. Gostei.

Uma noite descansada.

 
At 10/06/08, 23:58, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

Magix
Perdição é assim: fazer a viagem e não saber se vai voltar. Perdidos há muitos e cruzam-se a toda a hora como os peixes em aquário.
A margem do rio é cá, mas do lado de lá. Estávamos os dois perdidos no mesmo barco, lembras-te? No tempo, não!Maio de 2004.

 
At 11/06/08, 00:03, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

dona tela
Enquanto descobre e não descobre que categoria sente, vá fazendo as suas passeatas tranquilizadoras. Volte sempre sem complexos.Quando se sentir mais à vontade, falaremos.

 
At 11/06/08, 00:08, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

licínia
enquanto perdemos as origens achamos os destinos.
quanto a mim, a última fronteira material é a do meu corpo (e se não couber nela vou ter que começar eheheh! a fazer exercício)

 
At 11/06/08, 00:12, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

segurademim
Viajar para Norte é seguro, desnortear é perder-se. Mas se vais em demanda do que desse, força, que até o mar calmo, e o calor intenso, endoidece.

 
At 11/06/08, 00:22, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

graça
o dia só não chega para tudo porque a checklist é muito extensa. A batota está em deixar coisas para amanhã.
Mas o instante chega e sobra, porque é o intervalo de tempo suficiente para acontecer tudo e para que não volte a acontecer mais.

 
At 11/06/08, 00:26, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

poetaeusou
O Alberto a gritar? Nem parece dele.

 

Enviar um comentário

<< Página inicial