14 de março de 2006

Génese, cap. 2

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At 03/04/06, 22:55, Blogger Rodrigo Fernandes (ex Rodrigo Rodrigues) comentou...

Teço as palavras como a areia tece a teia, para atrair. Há prazer em escrever, como há prazer em ser lido. E, se a vítima tentar, enlaça-a a teia. Então a vítima é enredada e escreve. E sente o prazer de escrever, bem como o prazer de ser lida. E tece-se o jogo da conivência: não mais jogos solitários, como o acto divino da criação. É a colheita do pomo da árvore da palavra e da escrita que resulta da tentação. A tentação é o ensaio. Poucos ousam tentar pois receiam tornar-se como os deuses.

Quando eras pequenina, in-fante, não falavas. Cresceste, adquiriste o dom da fala e introduziste a mentira no teu quotidiano. A palavra permite o fingimento, a ficção. O que dizes ou escreves não enuncia uma verdade. Apenas construíste um mundo novo possível. E as possibilidades vão até onde forem as combinatórias da linguagem.

A fala é fugaz, a escrita perene. Por isso, quando falas a fruição do momento é irrepetível. A escrita permite a revisita para "saborear cada palavra com o tempo que cada uma exige". Não poderia esperar outro comentário de uma pessoa tão sensível como tu que muito admiro e estimo. A entrada da palavra no fabuloso mundo da culinária tem o seu equivalente à entrada da culinária no mundo da poesia. Tudo de questão de sabores: saber e saborear!

Para ser um verdadeiro prazer, a escrita deve ser partilhada, um acto solidário como qualquer outra forma de amor... ou de tentação.

O espaço é de amigos e o tempo é de amizade. Obrigado por teres tentado. Agora, vê lá, não te inibas: comenta, interfere, polemiza. O que é um comentário? O que é comentar?

A segunda parte da palavra, "mentário", tanto pode referir-se a "mente (espírito)","mentir" ou "memorar (lembrar)" e tudo isso se aplica à escrita. A primeira parte, "com", inequivocamente aponta para a interacção participativa, a comunhão. Seja a comunhão dos espíritos, a comunhão na mentira ou a comunhão na lembrança.

Comenta sempre!

 

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