27 de maio de 2008

A segunda morte de Sócrates

O grande filósofo dedicou a vida a fazer chegar ao cidadão comum o conhecimento filtrado pelo crivo da razão. Cumpria essa actividade através do diálogo, através de um método curioso, a maiêutica, ou arte de apoiar o parto (diz-se que inspirado na profissão da mãe, que era parteira), o qual consistia em ajudar o interlocutor a descobrir a verdade por ele próprio sem ter que ser persuadido do exterior pela força ou pela autoridade de outrem.

Sócrates propôs um programa filosófico cujas ideias desafiavam o funcionamento da sociedade grega granjeando assim muitos inimigos, sobretudo ao nível da aristocracia. Criticou as tradições e os costumes anquilosados que faziam a sociedade grega inadaptada e incapaz de realizar progressos. As suas ideias inovadoras deram-lhe uma grande popularidade sobretudo entre os mais jovens, ansiosos por grandes mudanças.


É dele a máxima, “
É melhor fazer pouco e bem, do que muito e mal”.

No auge da popularidade, e temendo que o movimento provocasse uma reviravolta na sociedade e nos bons costumes da época, as elites conservadoras entregaram-no aos juízes acusando-o de subverter a ordem social, corromper a juventude e pretender provocar mudanças na religião oficial.


Foi condenado a suicidar-se bebendo na prisão um chá contendo o forte alcaloide do conium maculatum, a cicutina.


Passados 24 séculos um sábio do mesmo nome, ou, quem sabe, o próprio em resultado de uma metempsicose mal sucedida, procurou secundar o modelo inicial. O seu programa teve imediata adesão da maioria dos cidadãos, sobretudo dos mais jovens, desejosos de dar uso ao seu potencial de inovação e de empreendimento.


Mas, ou porque não tivesse o jeito para o diálogo com os seus concidadãos, dando ares de superioridade e de arrogância, ou porque se atrapalhasse na execução do programa, remendando-o e voltando atrás em cada dificuldade, o certo é que acabou por se isolar e perder um a um os seus apoios.


Os interesses eram muitos e muito poderosos e ninguém queria a mudança. Apesar de avisado, Sócrates era muito orgulhoso e teimoso e tinha o mau hábito de imitar uma personagem de um filme de cowboys americano chamado “o-ministro-da-informação-do-iraque”.


Um dia descobriu que estava realmente só e isolado da realidade. Não esteve para meias medidas e condenou-se ao suicídio inspirando, num avião, o alcalóide da nicotiana tabacum, a nicotina.

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8 Comentários:

At 28/05/08, 22:40, Blogger poetaeusou . . . comentou...

*
a nicotina,
pode matar o nosso ///// ?
,
coitada da nicotina,
,
saudações
,
*

 
At 29/05/08, 16:07, Blogger Teresa Durães comentou...

eheheheh bem escrito!

 
At 30/05/08, 22:00, Blogger dona tela comentou...

Sinceramente, acha que o meu blog é pimba?

Muitos cumprimentos.

 
At 02/06/08, 10:09, Blogger Alberto Oliveira comentou...



optou p´la terminação
que não tem efeito imediato
será que da mesma governação
vamos ter mais um mandato?*

*Os amantes da nicotina e da filosofia, esfregariam as mãos de contentes...

 
At 02/06/08, 19:19, Blogger dona tela comentou...

Haja alegria por aqui também.

 
At 04/06/08, 00:25, Blogger G.A.M.N.A.A. comentou...

PORQUE SIM !

E PORQUE SIM !



SUGIRO-LHE O GAMNAA!

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At 04/06/08, 11:29, Blogger Licínia Quitério comentou...

Não acredito. A história não se repete. E o outro não se chamava José, pois não?

 
At 05/06/08, 23:32, Blogger casa de passe comentou...

às tantas lemos 'ciputa' em vez de 'cicuta'.

desculpe lá mas somos um tanto ou quanto iletradas mas gostámos de ler esta sua história.


LouLou + NiNi

 

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